Como o último celular que eu tive a liberdade de escolher havia sido um Nokia 3310 (da época que a Oi começou a operar em Recife — depois que ele foi furtado, cheguei a utilizar outro 3310 e o A50, mas ambos foram procedentes de amigos, que emprestaram ou deram já que eu estava em um e sou grato por isso), decidi comprar um modelo um pouco mais caro e que suprisse minhas necessidades no momento além da básica (fazer/receber chamadas).
Comecei a procurar um modelo que:
- tocasse mp3 (nunca fui lá muito dependente de walkman/discman/pmp, mas adquiri um certo gosto por música portátil desde que ganhei um pmp chinês de presente e passei a usá-lo nas idas e voltas do trabalho);
- tivesse suporte a Bluetooth (havia ganho um headset Bluetooth há meses, mas nunca pude usá-lo por não ter suporte a isso no meu celular ou PC)
- fosse barato - preferencialmente algo até R$250;
- possuisse memória flash abundante - provavelmente seria uma memória externa a ser comprada separadamente, já que poucos modelos vêm com vários gigabytes embutidos... MicroSD, de preferência, por ser mais amplamente utilizada e barata;
- se possível, rodasse emulador de Mega Drive - essa não era uma prioridade, mas meu pmp roda jogos de NES (e abre de SNES também, embora o processador não permita uma experiência lá muito agradável com essa plataforma), então sabia que bastava que o celular tivesse um processador minimamente decente e possuisse uma plataforma que permitisse terceiros programarem aplicativos com facilidade pra ele;
Junto com algumas pesquisas pela internet, resolvi pedir a um amigo meu do trabalho (Bruce) algumas dicas, já que ele tem um conhecimento/interesse bem maior que o meu em celulares. Uma das coisas que ele me disse foi que qualquer modelo da série S60 da Nokia teria emuladores de consoles como Mega Drive.
Procurando no Mercado Livre consegui achar alguns modelos mais básicos que tocavam mp3 por menos de R$100, mas aparentemente não eram muito eficientes nisso. Depois disso havia um certo vão na faixa de R$100~R$200, e não estava nem um pouco disposto a pagar R$200~R$250 num modelo que apenas tocasse mp3 além de fazer o básico de todo celular (como um modelo que vi da Motorola).
Um pouco acima de R$250 (R$269,90, mais exatamente), achei o Nokia E50, que tinha os dois "supérfluos" mais importantes pra mim nessa busca (mp3 e Bluetooth) e estava apenas R$20 acima do máximo que pretendia pagar. E vinha com extras que, embora eu não valorize muito, ajuda a justificar essa diferença no preço, como a câmera. E tem o Symbian como sistema operacional, o que abria as portas pra um universo de aplicativos 3rd party, inclusive emuladores.
Ainda pretendia pesquisar mais a fundo, mas como no dia 27/08/08 descobri que embarcaria 4 dias depois pra São José dos Campos, resolvi acelerar o processo de compra, tanto pra resolver o máximo de pendências em Recife, bem como pra viajar com um aparelho pra minha nova morada pelos próximos meses (estaria fazendo um curso pra formação de controlador de vôo pela Infraero no CTA). Tive uma certa dificuldade de comunicação com a loja que vendia o aparelho, mas consegui fechar a compra na quinta, com um vendedor em Pernambuco mesmo (precisaria ser assim, já que esperar por envio pelos Correios seria complicado a essa altura) e já recebi o aparelho (com câmera e bloqueado pra Tim) e uma memória MicroSD de 2GB (por mais R$40).
Pesquisando na Internet, terminei descobrindo que o modelo não era desbloqueado tão facilmente, então a melhor maneira seria levar na operadora pra fazer esse serviço. Resolvi ir na Oi, já que sou cliente pré-pago deles e fazem toda aquela propaganda sobre desbloquearem aparelhos de graça (embora tivesse lido que, aparentemente, não estavam conseguindo desbloquear esse modelo, mas não custava nada tentar), mas realmente pecavam na abrangência de modelos que conseguem destravar, e terminei levando e conseguindo destravá-lo na Tim (que foi quem havia bloqueado mesmo).
Finalmente com o celular completamente funcional, testei o headset Bluetooth (um modelo da Samsung), e fiquei um pouco decepcionado com a qualidade do som. Juntando isso ao fato do consumo maior de energia, resolvi usar o headset com fio que acompanha o aparelho mesmo e deixar o Bluetooth na reserva pra quando realmente houver necessidade da ausência do fio.
Antes disso (quando ainda estavam sem o chip gsm por conta do bloqueio) já havia testado:
a capacidade de mp3 - qualidade satisfatória de som e volume potente, considerando que é um celular);
a câmera - essa me dando razão a não dar muita bola pra câmeras de celulares que não sejam notavelmente boas. Tirando fotos com muito ruído caso não se esteja sob a luz do sol ou algo equivalente e sendo fraca no geral, considerando que perde de longe de câmeras digitais dedicadas de 6 anos atrás... a função Nightshot ajuda a remediar o ruído na imagem, mas ainda sim não passa de uma câmera de 1,3 megapixel ordinária, com lentes medíocres e sem direito a zoom ótico ou flash;
a memória flash - testei apenas o modo de transferência de arquivos, não tendo instalado o Nokia PC Suite, o que faz com que o celular funcione como um mero pendrive, deixando-o em modo offline (sem funcionar a parte de telefonia). Mas funciona bem como um pendrive deve... velocidade boa (sem interferência aparente na velocidade da MicroSD em si), detectando normalmente e tal;
Mas de tudo isso, sabem o que mais me impressionou? Uma mensagem SMS. Quando coloquei o chip, e eventualmente recebi uma SMS, pude visualizar a mensagem inteira numa só tela, colorida e bem visível. Pode parecer banal (e até é, hoje em dia), mas como estive acostumado com displays monocromáticos de baixa resolução em toda minha vida de celular (que consiste, cronologicamente, em um Motorola Lite II, Nokia 6120, Nokia 3310 e Siemens A50), terminou me surpreendendo.
Eventualmente, fui na internet procurar pelo tal cobiçado emulador de Mega Drive e finalmente encontrei o PicoDrive (penei um pouco porque havia achado primeiramente apenas versões pra 1a e 2a geração de S60, e demorei algumas horas até me informar o suficiente que o meu celular era de 3a geração e apenas aplicativos específicos pra S60 3rd funcionariam nele, e ainda por cima pra achar a versão adequada do PicoDrive, que por aparentemente não ter mais site oficial, não foi exatamente a coisa mais fácil do mundo).
Conseguindo instalar, finalmente pude realizar minha ambição de ter um dispositivo portátil rodando um dos meus jogos favoritos: Phantasy Star II.
O emulador sofre um pouco pra funcionar no Nokia E50, tendo sido necessário reduzir a qualidade do som pra não haver uma perda de quadros muito notável no jogo, mas de resto funciona bem, permitindo diferentes rotações de tela (eu optei por Landscape Right, que faz com que seja necessário visualizar a tela com o celular de lado, com o teclado ficando pro lado direito, assim aproveita-se melhor a resolução da tela, bem como me adequei melhor aos controles dessa forma, com os botões ficando à direita do joystick). Outro problema que tive foi com a parte da emulação da bateria de savegame não operar devidamente, mas é apenas questão de utilizar a função de savestate existente no emulador, que, inclusive, é mais eficiente.
Demorei um pouco, mas antes de viajar ainda testei o headset com ligações, e o mesmo funciona muito bem. Quem conversou comigo meu ouviu muito bem, e mesmo com uma certa quantidade de ruído ambiente foi possível escutar a pessoa. As únicas coisas que eu melhoraria no headset seria pra parte de ouvir mp3: não há controle de volume no próprio headset (quando estou com ele, normalmente o celular está com o teclado travado, dentro do bolso ou da mochila e faz falta não ter esse controle à mão) e o headfone é mono auricular (faz falta tanto pra uma melhor experiência na hora de ouvir música, bem como o isolamento em relação ao ambiente poderia ajudar em ligações com níveis maiores de ruído ambiente).
Usei a câmera pra registrar alguns de meus últimos momentos em Recife antes do embarque (já que não tenho uma câmera de fato), reforçando meu argumento de optar pelo modelo com câmera na hora da compra (além da diferença ser pequena, sabia que poder contar com uma câmera sempre à mão, ainda que de baixa qualidade, seria útil). Também a utilizei pra registrar minha chegada a Guarulhos, e depois ao CTA.
Poder contar com uma boa quantidade de música enquanto aguardava o embarque, bem como durante alguns trechos demorados (como o ônibus de Guarulhos pra São José dos Campos) foi benvindo. Embora ainda tenha meu pmp, a bateria dele está nas últimas (não que tenha sido lá essas coisas todas algum dia, mas ultimamente mal dura 1h), enquanto o E50 segura bem mais.
Aliás, tive a única surpresa desgradável relacionada a celular nesse tempo todo assim que cheguei em Guarulhos, mas nem foi culpa do aparelho, e sim da operadora. Havia vindo a São Paulo em janeiro, e desde aquela época a Oi já fazia propaganda como se já estivesse presente no estado. Não estava, mas parecia ser iminente, por isso, passados 8 meses, dava como certo poder chegar em Guarulhos e já captar sinal. Eis minha surpresa que o sinal permaneceu zerado mesmo depois de minha chegada a São José dos Campos. Com isso fui obrigado a buscar uma outra operadora (terminei pegando um chip pré-pago da Claro, já que as únicas pessoas que conhecia na cidade tinham aparelhos dessa operadora, além de muitos amigos em Recife também usarem números da Claro). Curiosamente, uns dias depois, quando inventei de recolocar o chip da Oi, finalmente obtive sinal... de roaming, pela Claro. Estranho não ter pego esse roaming antes, mas também não seria muito legal ficar recebendo ligações no meu pré-pago estando em roaming por outra operadora.
Trouxe meu PC desktop na bagagem (apenas a CPU, porque um monitor CRT de 19" seria trabalhoso e custoso de trazer na viagem, fora que já andava paquerando monitores LCD de 22" há algum tempo), e pela ausência de monitor (bem como falta de boas opções de adquirir um monitor 22" por um bom preço e pra pronta entrega), terminei ficando privado do meu principal meio de ocupar meu tempo livre.
Foi aqui que meu Nokia E50, mesmo estando sem funcionar como telefone (demorei alguns dias até adquirir o chip da Claro), teve papel importante mais uma vez: me supriu entretenimento nas minhas horas vagas (ainda que ficasse da hora que acordava até 17h em função do curso, mesmo conhecendo a cidade, pessoas novas, comprando mantimentos e afins, ainda sobrava algumas horas por dia). Durante minhas idas a algum canto, sempre estava escutando alguma música nele. No quarto do hotel, enquanto estava ocioso (não sou do tipo que assiste TV), pude ficar jogando Phantasy Star II a gosto (pretendo terminar jogando-o inteiro no E50, inclusive tentando umas coisas que ainda não fiz o jogo até hoje).
Definitivamente, foram R$320 (270 do aparelho, 40 da memória, 10 do frete via motoboy) muito bem aplicados.
Ainda falta muito a ser explorado no celular (entre outras coisas, quero ver se consigo por pra funcionar um programa de controle remoto de TV nele, até porque a TV daqui do quarto tá sem o controle), mas o que pude usar até agora, no geral, me agradou. Espero, futuramente, encontrar um headset da maneira que quero e torço pra que a incapacidade de enviar alguns arquivos via Bluetooth pra um amigo meu se deva a alguma distração minha ao invés de interface mal projetada ou alguma falha momentânea... a parte de reprodução de vídeo também não me animou muito, mas farei novas tentativas na esperança do celular realmente ter uma capacidade boa e estar apenas faltando achar uma configuração boa. De resto, seja pra ouvir música, jogar, fazer anotações (tô utilizando mais o notepad dele do que achei que faria), me acordar com o despertador (aliás, ele seria um pouco melhor se pudesse definir o dia também ao invés apenas da hora) ou mesmo pra receber chamadas, estou bastante feliz e não creio que pudesse ter feito compra melhor, principalmente considerando o custo.
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